sábado, 8 de janeiro de 2011

Breve História do Vila União

Universidade Estadual do Ceará
Faculdade de Veterinária
Disciplina de Sociologia e Extensão Rural



Professora Déa de Lima Vidal


Bairro Vila União


Eveliny de Oliveira Eleutério
Juan Nádson Marques Melo



Fortaleza, novembro de 2010


HISTÓRICO DO BAIRRO


Vila União é um bairro que possui suas particularidades e uma dinâmica própria. Apresenta reflexos das conquistas de décadas passadas.
Para a construção histórica do bairro quase não se tem arquivos oficiais, assim as informações colhidas foram obtidas a partir de escritos registrados, visita ao bairro e com auxílio da internet.
Fundado pela Prefeitura de Fortaleza em 23 de agosto de 1940. Antes de ser chamado Vila União, o bairro restringia-se a latifúndios, propriedade da Sra. Maria da Conceição Jacinto, que em 1938 vendeu-as para o Dr. Manuel Sátiro, que logo loteou as terras. Vindo ele da cidade de União, hoje chamada Jaguaruana, nomeou o loteamento de Vila União, daí a origem do nome do bairro.
Com a venda dos lotes, vieram as primeiras famílias: a família do Sr. Frutuoso, a família de um senhor conhecido como Pacoti, a família do Sr. Antônio Cambista, a família Gadelha, etc.
A primeira escola do bairro era integralmente financiada pela maçonaria, pois o corretor responsável pela venda dos lotes era maçom. A escola funcionava na residência do Sr. José Ramos Gadelha e sua filha foi a primeira professora do bairro. O Parrerão, bairro vizinho e totalmente separado do Vila União, já possuía sua escola. Hoje os dois bairros estão interligados e o Vila União o absorveu.
Em 1942 foi construída a estrada de ferro que passa pelo Vila União até hoje, ligando a Parangaba ao Mucuripe.
O progresso do bairro veio de forma lenta, a energia só chegou em 1957 e a água usada era de cacimba. Também havia a lagoa que abastecia o bairro que na época não era poluída e era chamada de Lagoa do Paia, só depois passou a ser chamada de Lagoa do Opaia.
Segundo moradores, antes, no local que hoje é a lagoa havia muito barro preto e as pessoas tiravam o barro para fazer tijolos e telhas artesanais. O Sr. Opaia tirava em muitas quantidades, e assim foi formando cacimbas e poços até compor-se a Lagoa, que recebeu o seu nome, pois este teve grande participação na formação da lagoa.
O transporte não existia e quem fosse ao centro da cidade, tinha que ir até o Benfica ou Aerolândia. Por um tempo algumas camionetas de particulares faziam a linha. Depois o tenente César, que fazia a linha do Montese, colocou ônibus para servir o bairro. Mas segundo o morador Jair, os “ônibus eram muito velhos e quase sempre davam prego, um sacrifício!”. Só algum tempo depois veio a empresa Nossa Senhora de Fátima, que tinha qualidade e capacidade de atender o bairro.
Ainda sem uma escola pública, uma comissão formada por famílias do bairro, da qual fazia parte um candidato da prefeitura de Fortaleza, o general Cordeiro Neto, pressionou autoridades para a implantação de uma escola no Vila União. Com a vitória do general, a escola foi inaugurada em 1964 com o nome de General Cordeiro Neto.
Quanto à construção do Aeroporto Pinto Martins, moradores se dividem sobre as vantagens que trouxe para o bairro, uns disseram que trouxe prestígio e que muitos pequenos comerciantes se estabeleceram ao redor do aeroporto, e que quando foi construído o Aeroporto Internacional Pinto Martins do outro lado, muita gente ficou desempregada. Outros moradores acreditam que o aeroporto trouxe desenvolvimento, mas também muito barulho e confusão no bairro, pois houve muitos conflitos entre a Infraero e a comunidade, devido à luta pela permanência das casas e até mesmo a possibilidade de soterrar a lagoa, em detrimento da construção do aeroporto, mas esse acontecimento vai ser mais detalhado na explanação da Associação dos Moradores, que teve um papel fundamental na mobilização da comunidade.
A pracinha do bairro foi inaugurada em 08 de dezembro de 1968, dia da Consagração de Nossa Senhora da Conceição. O primeiro time de futebol do bairro tinha o nome de ABC e jogava no campo onde hoje a pracinha se localiza. É nesta pracinha que hoje está a igreja do bairro: Jesus, Maria, José.
Zé do Buzo, apelido que José Maria da Silva ganhou na infância, chegou no Vila União aos dez anos de idade. Passaram-se mais de sessenta anos e ele continuava morando no mesmo local, onde criou os seis filhos. Por ser morador muito antigo, ele tinha conhecimento de todas as ruas e travessas do Vila União e tornou-se o “informador de ruas” oficial do bairro. Houve mudanças no nome das ruas do bairro, que antes eram nome de santos e depois com a pavimentação do bairro, muitas pessoas se perdiam, então Zé do Buzo decorou tudo para ajudar as pessoas. Seu Zé do Buzo faleceu em 2007, mas seu filho continuou o comércio que serve caldos famosos à comunidade e tem na fachada o letreiro: Zé do Buzo – Informador de ruas.
A Feira do Troca-Troca, mais conhecida como “Feira dos cacarecos”, acontece no local desde 1971 e passou a ser referência no Vila União. Vende-se tudo, de animais a bicicletas, aparelhos domésticos, sapatos e roupas. Dizia Zé do Buzo: “Só tem coisa velha”.
Durante muito tempo, vários moradores do bairro viviam em situação de risco ao redor da lagoa, mas recentemente, em 2004, foi construído um conjunto habitacional, chamado Planalto Universo, onde moram 648 famílias, provenientes tanto do Vila União quanto de bairros vizinhos. Foi realizado um trabalho de Ação Social pela PEC-POLAR, no qual trouxe melhorias na convivência comunitária. O Planalto Universo possui associação comunitária própria, creche e atividades como: ginástica com idosos feito pelos bombeiros, entrega de “sopão” toda semana, iniciativa de uma representante comunitária em parceria com a CAGECE e trabalho com reciclagem, que é uma parceria com a COELCE.


TALENTOS ARTÍSTICOS

Alguns moradores são conhecidos fora do bairro, por feitos próprios:

 Zé do Buzo “Informador de Ruas”;

 João Birro “Contador de Mentiras”;

 Jair Moraes pelo jeito “Folclórico Cantador”;

 Beto Gaudêncio -artista plástico;

 O Grupo de Quadrilha Zé Testinha, que é referência no Nordeste Brasileiro.



PERFIL DA COMUNIDADE


De acordo com o Censo de 2000 do IBGE, o número total de habitantes do bairro Vila União é de 14.744 pessoas, das quais 6.676 são homens (45,28%) e 8.068 são mulheres (54,72%).
O bairro está situado entre o Aeroporto, a Base Aérea, Montese e Estação Rodoviária, tendo, portanto, a abrangência da Secretaria Executiva Regional IV.
Possui três meios de transporte: o aéreo, referenciado pelo Aeroporto Pinto Martins; ferroviário, presença de um trecho da estrada de ferro que liga Parangaba ao Mucuripe e rodoviário, que apresenta trânsito dos ônibus: Vila União e Lagoa do Opaia.
Identificamos uma predominância religiosa na comunidade e, também nos espaços públicos. Observamos que essa religiosidade é principalmente Católica.



LIDERANÇAS


No que diz respeito às lideranças no bairro, foi unânime a presença do Sr. Raimundo Nonato, que hoje é Secretário da Associação dos Moradores do Vila União. Foi o principal articulador comunitário no período dos conflitos com a Infraero e a comunidade, no entanto, percebemos que devido ao seu estado de saúde seu papel de líder está comprometido e, assim, impossibilitado de fazer mais pelo bairro.
Irismar é a atual presidente da Associação Comunitária e segundo o Sr. Raimundo estão lutando pelas escrituras das casas.
No Planalto Universo tem a presença do Geraldinho, como presidente da Associação Comunitária do referido Conjunto Habitacional, contudo, ele afirmou está passando por muitos desafios, devido à própria ausência de participação da comunidade e pelo descaso municipal com o Salão Comunitário, pois está inativo. Segundo ele, já tomou várias iniciativas de protesto, no entanto, nada é resolvido.



PROBLEMATIZAÇÃO

Algumas são as dificuldades enfrentadas pela comunidade.
A falta de saneamento básico, abastecimento de água e energia na periferia do bairro, mostrando, em parte, um descaso da Cagece, que tem sua sede no bairro e em frente ao prédio corre um esgoto a céu aberto; poluição sonora, proveniente do Aeroporto, que fica praticamente vizinho às casas; do barulho do trem, que passa entre as casas, como também de sons vindo de bares e carros, principalmente nas proximidades da praça, segundo moradores, chega a causar certo desconforto para eles além de prejudicar a celebração das missas que acontecem nesse local.
É observado um forte índice de poluição ambiental, tanto no que concerne a Lagoa do Opaia, pois há concentração de lixo ao redor e na própria lagoa, como também nas ruas.
No bairro há uma certa aglutinação entre ambientes urbanos e rurais, características própria de periferias, justificada, pelo arquiteto contratado da prefeitura como sendo consequência da vinda de pessoas do interior para o bairro. A saúde da população, dessa forma, fica em risco, uma vez que há ausência infra-estrutura básica.
Dentro do próprio bairro existe uma separação, porque a comunidade não reconhece o Vila União como um todo, mas sim fragmentado, constituído de três unidades de realidades heterogêneas: o Planalto Universo, um lado da Lagoa do Opaia (conhecido por Vila União) e o outro lado da lagoa. Esse poderia ser um dos motivos que tem dificultado a articulação comunitária do bairro.
A ausência de ordenamento urbano, na periferia do bairro, mostratotal descaso, comparado ao bairro como um todo.
É ressaltamos a falta de articulação comunitária e o pouco intercâmbio entre os equipamentos sociais existentes na comunidade, pois muitos moradores desconhecem e/ou não se apropriam de espaços importantes na comunidade, como também os próprios equipamentos sociais não sabem da existência um do outro e assim pouco se articulam no sentido de estabelecer parcerias para o desenvolvimento de ações conjuntas.


EQUIPAMENTOS SOCIAIS



Dentre os vários Equipamentos Sociais existentes no bairro, temos exemplos de alguns deles. Apreendemos o trabalho realizado nesses espaços, bem como identificamos os limites e as potencialidades de cada um.

São eles:

 Centro de Referência de Assistência Social (CRAS);
 Casa Brasil;
 Associação dos Moradores;
 Lar da Criança;
 Centro de Atenção Psicossocial Infantil (CAPSi);
 Centro de Saúde da Família Turbay Barreira.



CRAS

O Centro de Referência de Assistência Social –CRAS está situado na pracinha da Igreja, próximo a Associação dos Moradores. O prédio que hoje funciona o CRAS era anteriormente uma creche, mas foi reformado e hoje são realizadas atividades da Assistência Social.
Várias atividades são realizadas na referida instituição, como a Inclusão Produtiva, que é a inserção de mulheres incluídas no Programa Bolsa Família, em atividades que produzam e revendam. Está subdividido em três módulos: capacitação, auto-gestão e produção. Concomitantemente com os módulos são desenvolvidas rodas de diálogo com temas como sexualidade, gênero, família e políticas de direitos.
Possui também alguns grupos:Grupo de Gestanterealizadouma vez por mês e é uma parceria com o Centro de Saúde;Grupo de Crianças no qual são realizadas oficinas recreativas de Arte e Educação como pinturas e reciclagem e oficinas didáticas no qual é trabalhado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que acontece uma vez por semana com crianças entre 7 a 11 anos. No Pró-Jovem adolescente são realizadas rodas de diálogos e oficinas culturais, no qual se busca a horizontalidade com os jovens, objetivando afastá-los da ociosidade, no qual acontece de segunda a quinta-feira no período da tarde.
OGrupo de Idosos, que acontece duas vezes por semana, no qual são desenvolvidas rodas de diálogos e oficinas didáticas propondo trabalhar o Estatuto do Idoso, buscando sua emancipação, uma vez que, possui um movimento próprio e necessita de atenção particular.
Como LIMITESna instituição, apontamos as dificuldades no acesso a materiais necessários para as oficinas, refletindo, portanto a insuficiência de financiamento.Apresenta também uma pouca participação da população mais vulnerável, que segundo Cynthia – psicóloga do CRAS, é devido ao difícil acesso.
ComoPOTENCIALIDADESidentificamos o envolvimento e compromisso dos profissionais em trabalhar com a comunidade. Constatadasem algumas frases ditas no CRAS:
“(...) a gente não conduz, nem manda, mas seguimos o movimento da comunidade (...) ela decide.”;
“(...) a gente improvisa mesmo.”;
“O CRAS deve ser o reflexo da comunidade.”;
“(...) Não vejo a comunidade como um problema, ou doença, mas sim como algo forte”.




CASA BRASIL


É um projeto do governo Federal com unidades funcionando em áreas de baixo índice de desenvolvimento humano. O projeto Casa Brasil leva às comunidades computadores e conectividades, e privilegia, sobretudo, ações em tecnologias livres aliadas a cultura, arte, entretenimento, articulação comunitária e participação popular.
Possui um Conselho Gestor, a fim de garantir a participação popular e comunitária, formado em sua maioria por membros da comunidade. Sendo um espaço público e comunitário, de uso gratuito e de acesso irrestrito, o projeto estimula a apropriação da unidade pela comunidade, transformando-a em espelho cultural do local em que foi implementada, fomentando a gestão participativa e ampliação da cidadania, e fortalecendo a ação da sociedade civil.
Os espaçospresentes no Casa Brasil são:Telecentro com 20 computadores conectados à Internet, abrigando atividades livres e oficinas técnicas, mostrando como a tecnologia pode ajudar a resolver questões cotidianas da comunidade; Sala de Leitura que tem por objetivo fomentar leitura, produção e compartilhamento de textos e oferecer atividades culturais, como encontros literários, oficinas de criatividade, saraus, rodas de leitura, orientação e pesquisas e empréstimos domiciliar de livros. Auditório destinado a encontros, reuniões e divulgação do que é produzida na unidade Casa Brasil e na comunidade, oferecendo espaço para apresentações musicais, peças e dramatizações, além de servir a reuniões da comunidade, palestras, exibição e discussão de filmes, entre outras atividades. Laboratórios de divulgação da ciência que tem por objetivo popularizar e divulgar a ciência, por meio de apropriação científica e tecnológica e de produções culturais e artísticas, estimulando interesses e curiosidades. Suas atividades abrangem mostras, experimentos científicos e manifestações artísticas. Laboratório de informática em que trabalham com montagem e manutenção de equipamentos de informática, possibilitando a exploração de microcomputadores e de seus componentes para desenvolver atividades que tratem de recondicionamento e reciclagem das máquinas, incluindo novos significados e usos para tecnologias. Estúdio Multimídia destinado à criação, gravação e tratamento de conteúdos audiovisuais, produção e compartilhamento de conteúdos para Internet e programação com ferramentas e linguagens livres. É equipado com computadores, câmaras fotográficas e de vídeos digitais, gravador digital portátil, mesa de som, reprodutor de VHS e SVHS e microfones. Oficina de Rádio proporciona o estímulo à produção de conteúdos para rádio livre, web rádio e outros tipos de transmissão pública de conteúdos em linguagem radiofônica, com programação montada livremente pelos programadores. Oferece oficinas de produção de conteúdo de áudio, comunicação comunitária, web rádio e podcasting. Incentiva a produção de mídias abertas de interesse público, com cunho comunitário, educativo, informativo, cultural e artístico.
Dentre as várias atividades desenvolvidas no Casa Brasil como já foi explicitado através da apresentação dos espaços, vale ressaltar o trabalho desenvolvido de metareciclagem, ou seja, o reaproveitamento dos equipamentos do computador; a montagem e manutenção de computadores, bem como as oficinas de multimídia com fotografias e edição de imagens, o cine-clube, onde são mostrados filmes culturais à comunidade, possui também o Projeto crescer com arte uma parceria com a FUNCI e a realização de cursos como manipulação com retalho, cabeleireiro e depilação.
Identificamos como LIMITES a não permanência dos participantes, devido às questões de sustentabilidade dos participantes, refletindo assim a ausência de políticas públicas e a escassa articulação de redes e serviços públicos. Ressaltamos ainda, a falta de divulgação, comunicação e articulação com os outros espaços da comunidade.
As POTENCIALIDADES do Casa Brasil está em proporcionar oportunidades à comunidade de crescer em arte e cultura; consciência ambiental e virtual; o conselho gestor que possibilita a apropriação da comunidade nesse espaço, fomentando a gestão participativa e ampliação da cidadania. E além de objetivarem deixar multiplicadores da própria comunidade para manter a Casa Brasil.









ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES

A articulação inicial foi feita por uma Assistente Social chamada Rejane, no qual fazia reuniões com um grupo de mães, a fim de trabalharem coletivamente no intuito de gerar renda e financiar a construção do espaço, que viria a ser a Associação dos Moradores.
Em 1981, foi realizada a primeira reunião oficial da Associação dos Moradores, registrada em ata, que tinha como Presidente Maria das Chagas Gadelha, Vice-Presidente Sr. Raimundo e Secretária Irismar. As primeiras lutas da Associação foram pelo abastecimento d´água, energia e saneamento básico.
A Associação dos Moradores foi fortalecida pelo conflito entre a População e a INFRAERO, no qual exige um posicionamento e luta dos moradores contrário ao projeto elaborado pela INFRAERO, queobjetivava a retirada das casas e soterramento da lagoa, em prol da ampliação do aeroporto. No entanto, devido à mobilização e organização da população junto às lideranças e associação dos moradores houve o impedimento da ampliação do mesmo.
Após isso, a Associação teve grande protagonismo na luta pela urbanização ao redor da lagoa, no qual em 2004 foi consolidada, transferindo cerca de 640 famílias, que moravam ao redor da lagoa, em condições precárias e de insalubridade, para um conjunto habitacional chamado Planalto Universo.
Atualmente as atividades realizadas na Associação do Moradores são o Grupo de Mulheres Empreendedoras, que constitui-se como uma parceria entre o Banco do Nordeste para que produzam e revendam. Iniciou com 50 mulheres, depois com 15 e agora estão com apenas três mulheres. Como também acontecem as reuniões dos Alcoólicos Anônimos e a realização de orações com os idosos.



Identificamos como LIMITES presentes no referido espaço, a fragmentação e individualização dos interesses, uma vez que não há uma luta coletiva para melhoria da coletividade, como também as próprias atividades não são inerentes ao perfil das que deveriam ser realizadas em uma Associação Comunitária.
Como POTENCIALIDADESapontamos a própria história de luta da comunidade e o papel que a Associação desempenhou em todo o processo, de mobilização e organização comunitária.



LAR DA CRIANÇA DOMINGOS SÁVIO

O Lar da Criança é uma instituição não governamental e sem fins lucrativos. Foi iniciado por uma freira salesiana, natural da Itália, irmã PetronillaIsonni, que chegou ao Brasil em 1946, para ajudar na catequização de crianças e jovens carentes.
Percebeu um grande problema que afligia as crianças: a desnutrição. Iniciou, então, um trabalho de distribuição de alimentos como sopão e mingau em favelas junto com uma equipe de voluntários, moradores do local. A aproximação com as crianças carentes, fez com que notasse que elas passavam o dia na rua, sujeitas à criminalidade e que o índice de reprovação escolar era altíssimo, já que os pais desses jovens tinham pouca ou nenhuma escolaridade, e, portanto, não podiam acompanhar ou auxiliar o desempenho de seus filhos na escola.
Surgiu, portanto, a idéia de criar um espaço onde as crianças pudessem ser acompanhadas e realizar atividades extras para afastá-las da rua. Com a ajuda de bingos, leilões e doações, a irmã e um grupo de voluntários conseguiram juntar o dinheiro necessário e compraram o terreno para a fundação do Lar da Criança Domingos Sávio, que foi fundado no dia 09/03/1988.
A irmã Petronilla faleceu em fevereiro de 2007, mas as pessoas que conviveram com ela tentam, mesmo com muitas dificuldades, perpetuar seu legado.
Atualmente, há 250 crianças matriculadas, que permanecem no Lar no turno em que não estão na escola. As atividades realizadas são: Reforço escolar: para a educação infantil (1º ano ao 5º ano), que é lecionado por professoras contratadas e que inclusive possui carteira assinada.
Há a distribuição de lanche e almoço, sempre estimulando uma alimentação saudável. O Lar recebe doações de frutas de fábricas de alimentos.
Além do reforço escolar, há o coral, ministrado por um músico pago, através da parceria com a Cagece.
Muitos voluntários ministram aulas de violão, teclado, teatro, ballet, tai chi chuan, sendo a maioria destes ex-alunos do Lar que voltam à instituição e dão suas contribuições.
Possuem também o projeto de uma sala de informática, porém estão esperando parcerias, como as que já fizeram com a prefeitura, por exemplo, para montar um consultório dentário, para dar assistência bucal às crianças, cujo odontólogo é proveniente da USF Turbay Barreira.
A diretora afirmou que contam basicamente com a ajuda de voluntários e não possuem assistentes sociais, nutricionistas, psicólogos e pedagogos para darem assistência a essas crianças. Ela relata um grande problema de desestruturação familiar, pois muitas mães colocam seus filhos no Lar porque querem “se livrar” deles.
Observamos comoLIMITES na referida instituição o fortalecimento que esta traz a concepção defilantropiaaos direitos sociais e da responsabilização que esta incube a sociedade civil, sendo a Assistência e as Políticas Públicas um direito e dever do Estado. E que, portanto, esta ausência do poder público trazinstabilização nos recursos como também insuficiência e limitação na cobertura de atendimento.
Como POTENCIALIDADESdefinimos a importância da instituição em proporcionar a criação de vínculos entre os moradores, como também do papel multiplicador que o Lar da Criança estimula junto aos beneficiados.








CAPSi


O Centro de Atenção Psicossocial Infantil – CAPSi é um centroque assiste crianças e adolescentes que sofrem de transtornos mentais graves, com idades entre 4 e 18 anos.
É formado por uma equipe multidisciplinar composta por psiquiatras, psicólogos, educadores físicos, músicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais.
São realizados também atividades de CAPS AD (Álcool e Drogas) em conjunto com o Conselho Tutelar. Fortaleza, apesar de ser uma das capitais mais populosas do Brasil, possui apenas duas unidades de CAPSi, uma delas localizada no Bairro Vila União (Regional IV), que atende uma alta demanda, composta pelas Regionais II, IV e VI.
O CAPSi atende por demanda espontânea e encaminhamentos de outras unidades.
O Tratamento pode ser classificado em:

 Período Intensivo– são para os pacientes de casos mais graves, no qual passam o dia inteiro no CAPSi;
 Semi-Intensivo - os pacientes retornam ao CAPSivárias vezes por semana;
 Não-Intensivo – os pacientes retornam ao CAPSi apenas uma vez por semana.


Identificamos como LIMITESa sobrecarga dos profissionais, devido à alta demanda de pacientes, uma vez que o Centro cobre a população de três Regionais (II, IV, VI) e a estrutura física inadequada para atendê-los, visto a complexidade exigida no tratamento dos pacientes.
Como POTENCIALIDADESapontamos o caráter multiprofissional do atendimento e acompanhamento dos pacientes, como também as diversas atividades realizadas com o intuito de promover a Saúde Mental destes.



C.S.F TURBAY BARREIRA

O Centro de Saúde Maria José Turbay Barreira localizado na Rua Gonçalo Sousa, 420 no Bairro Vila União, inicialmente funcionava uma Escola e uma Lavanderia, porém devido à exigência posta pela realidade do bairro, foi-se necessário à criação de uma Unidade de Saúde que atendesse as demandas primárias em saúde, visto que não havia atendimento básico em saúde.
Assim a Escola foi substituída pelo Centro de Saúde. Uma substituição feita de forma rápida, paliativa, imediata e sem qualquer estruturação para tal, no qual refletiu na precariedade das condições de trabalho e no tratamento dos usuários.
Após alguns anos o funcionamento da Unidade foi se aperfeiçoando e conquistando melhorias, porém a Lavanderia Comunitária ainda, permanece no referido local. O nome Turbay Barreira é uma homenagem a esposa de um dos primeiros médicos do Posto de Saúde.
O C. S. F Turbay Barreira possui duas equipes de Saúde da Família composta por três médicos (sendo duas residentes e um generalista); duas enfermeiras; cinco auxiliares de enfermagem; cinco agentes comunitários de saúde; um odontólogo e uma Auxiliar de Consultório Dentário (ACD), que presta serviços para as duas equipes.
A ESF desta Unidade faz uma cobertura de aproximadamente 2000 famílias, que estão subdivididas em sete microáreas, sendo importante ressaltar que a área que o Turbay Barreira abrange é classificada como uma área de Risco II.
O Centro de Saúde apresenta ainda outros profissionais: três vigilantes; três auxiliares deserviços gerais; cinco recepcionistas; uma assistente social, um DNI, médicos plantonistas e um preceptor de território da Secretaria Municipal de Saúde.





No que discerne a estrutura física, o posto apresenta três salas de espera, “duas salas de situação” (alguns dados epidemiológicos encontram-se afixados numa das salas de espera e numa das salas de atendimento), uma mesma sala para a esterilização e curativo, outra sala para a terapia de hidratação oral e tratamento com aerosol. Como também farmácia, administração, coordenação, almoxarifado, três banheiros, uma copa, cinco consultórios e um espaço para as rodas,o chamado Salão Zé do Buzo.
As atividades desenvolvidas pela referida Unidade de Saúde da Família são: puericultura; vacinação; atendimentos de demanda espontânea (Acolhimento, Nebulização, Consultas, Exames, Curativos); atendimentos na área de ginecologia-obstetrícia; visitas domiciliares e distribuição de medicamentos exclusivamente com receitas médicas pela Farmácia;
As atividades que visam à promoção de saúde desenvolvidas na USF são: dois Grupos de gestantes (sendo um em parceria com o CRAS e outro com o Casa Brasil), grupo de obesidade infantil; terapia comunitária; biodança com idosos; grupo de regaste da auto-estima com funcionários e usuários; aulas de ballet; incentivo a leitura através da biblioteca e à preservação do meio ambiente através da reciclagem.
Os LIMITESidentificados na referida instituição são a terceirização dos profissionais, no qual traz uma flexibilização do trabalho destes; a sobrecarga dos profissionais veste a alta demanda posta as equipes de saúde da família e ausência do profissional de nutrição, uma vez que são realizadas atividades inerentes a este profissional.
Como POTENCIALIDADESapontamos a integração entre os profissionais e a comunidade; as diversas atividades realizadas que visam a promoção à saúde, considerando o processo saúde/doença; e recentemente a criação do Conselho Local de Saúde, sendo importante ressaltar que foi resultado de nossa analise a partir da territorialização em conjunto com a Avaliação de Melhoria de Qualidade (AMQ).



Prestação de serviços

O bairro conta com diversos serviços. Aqui expomos alguns deles identificados e contabilizados.

 Igrejas (03)
Capela Santa Lusia
Igreja JesusMaria José
Associação brasileira Igreja Jesus Cristo Santos dos Ultimos

 Creches Escola (02)
Colégio Art e Manhã
Lar da criança Domingos Sávio

 Clínica veterinária (01)
Clínica veterinária Pró Saúde animal

 Farmácias (06)
Pague Menos
Farmacastro
Famácia local
Jl Comercial
Farmatus
Drogaria Capistrano

 Cartório (01)
Péricles Junior 9º Tabelionato de Notas

 Hospital (01)
Hospital Albert Sabin Geral

 Clínicas médicas (03)
Mater Vitae
Rubens Alboquerque
São Matheus






REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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Um comentário:

  1. Faltou falar sobre as creches municipais THEODORICOBARROSO E CEI PAPA JOÃO XXIII.

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